segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"Both Sides Now"

Joni Mitchell canta, que agora, olha o amor de ambos os lados. Do dar e receber mas, no entanto, continua sem realmente conhecer o amor. De facto o que é que podemos dizer sobre o amor? Que certezas podemos ter sobre ele, ou sobre qualquer outra coisa na vida? Quanto mais velho fico, menos certezas tenho; e não deveria ser ao contrário? Mais velho, mais conhecedor, mais sabedor, com mais certezas?

Num mundo onde reina a ilusão como podemos distinguir o que é real do que não é real? Já Fernando Pessoa dizia: “Não sei se é sonho, se realidade,”. Nem mesmo tudo aquilo que achamos ter garantidamente, fica connosco, garantidamente. Existe esta ilusão de uma perpetuidade que é só isso, uma ilusão. Uma mistura com uma pitada de sonho, uma chávena de esperança e uma colher de felicidade. Uma receita perfeita para manter os olhos fechados à realidade. Mas, será que o sonho passa a realidade, sem deixar de ser o Sonho? Haverá alguém com essa sorte? Ou será a vida uma realidade disfarçada a nós próprios, onde a receita da ilusão nos serve para esquecer a Verdade?

A música acaba com: “Eu realmente não conheço nada da vida”. E eu, de facto, não conheço nada da vida. Ainda ontem me lembro de dizer que tinha a certeza disto e aquilo. Hoje aceno a cabeça, encolho os ombros, levanto a sobrancelha e faço a cara de pouco entendedor aquando questionado com as problemáticas da vida. Há um ano que a duas palavras que mais digo são: “Não sei”. E realmente, não sei. Mas ainda tenho tempo para descobrir. Hoje tenho uma certeza, pelo menos. Cada vez mais olhos para tudo com dois olhos. Olho para o amor por um lado, pelo outro. Olho para a vida com um novo olhar, em nenhuma direcção específica, olhos apenas. Há de acontecer alguma coisa.




27.10.14

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