Joni Mitchell canta, que agora, olha o amor de ambos os
lados. Do dar e receber mas, no entanto, continua sem realmente conhecer o
amor. De facto o que é que podemos dizer sobre o amor? Que certezas podemos ter
sobre ele, ou sobre qualquer outra coisa na vida? Quanto mais velho fico, menos
certezas tenho; e não deveria ser ao contrário? Mais velho, mais conhecedor,
mais sabedor, com mais certezas?
Num mundo onde reina a ilusão como podemos distinguir o que
é real do que não é real? Já Fernando Pessoa dizia: “Não sei se é sonho, se
realidade,”. Nem mesmo tudo aquilo que achamos ter garantidamente, fica
connosco, garantidamente. Existe esta ilusão de uma perpetuidade que é só isso,
uma ilusão. Uma mistura com uma pitada de sonho, uma chávena de esperança e uma
colher de felicidade. Uma receita perfeita para manter os olhos fechados à
realidade. Mas, será que o sonho passa a realidade, sem deixar de ser o Sonho?
Haverá alguém com essa sorte? Ou será a vida uma realidade disfarçada a nós
próprios, onde a receita da ilusão nos serve para esquecer a Verdade?
A música acaba com: “Eu realmente não conheço nada da vida”.
E eu, de facto, não conheço nada da vida. Ainda ontem me lembro de dizer que
tinha a certeza disto e aquilo. Hoje aceno a cabeça, encolho os ombros, levanto
a sobrancelha e faço a cara de pouco entendedor aquando questionado com as
problemáticas da vida. Há um ano que a duas palavras que mais digo são: “Não
sei”. E realmente, não sei. Mas ainda tenho tempo para descobrir. Hoje tenho
uma certeza, pelo menos. Cada vez mais olhos para tudo com dois olhos. Olho
para o amor por um lado, pelo outro. Olho para a vida com um novo olhar, em
nenhuma direcção específica, olhos apenas. Há de acontecer alguma coisa.
27.10.14