segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amour

Dois corpos encontram-se atraídos pelas leis da física.
O meu corpo encontrou o teu, qual atracção de um pólo que precisa do outro, atraíram-se até se unirem num perfeito encaixe de tudo.
O amor são leis físicas que governam a metafísica. É estranho que tudo o que até então nos parece razoável passe a ser exagerado e vice-versa. Quem ama, teme, não por si, pelo o outro. É uma entrega. É uma entrega sem garantias de retorno. Dá-se de mão beijada o que de mais precioso se tem, que a meu ver, é o nosso corpo. Um bem que vem à nascença e que fica connosco até aos últimos dias de existência.
Passava a minha vida naquela cama, passava-a a olhar-te, a respirar-te. Um dia é uma hora quando se assim está.
Entre os lençóis amarrotados pela fúria de uma noite, misturam-se corpos, sensações, paixões, olhares.
Dormir e (re)dormir sobre a noite, passando pelo dia e voltando a noite. Passa um dia.
E lá fico eu, a olhar.
O amor deixa-nos indefesos, mostra-nos o ridículo, envergonha-nos. É por assim dizer, cruel. Mas aqui estamos nós, abraçamos o amor. Porque…haverá sensação melhor do que a noite que passa a dia que passa a noite, numa cama?

15-05-10

2 comentários:

Unknown disse...

Um grande texto.
Não diria melhor.
Não desejaria melhor!

Anônimo disse...

Não acho que o amor nos mostre o ridículo, pelo contrário, acho que nos torna imunes. E o mais que se pode oferecer, mais do que um corpo na sua animalidade, é todo o seu recheio e, depois de toda a fúria entre os lençóis, partilhar tudo o resto, insinuares-te com mas para além do teu corpo. É explicares a máscara e a cara que talvez ainda reste do outro lado.
Apropriando-me de uma frase tua e rodando-a no sentido contrário: não será o amor a metafísica dominando as sempre necessárias leis da física?

Gostei muito, principalmente de fim :)
É bom saber que a ciência não te destrói a veia artística ;)