Seria mentira dizer que o
sopro da vida me abandonou,
que o verde do jardim enfraqueceu depois das nossas Primaveras,
ou que o mar já não é salgado pelas lágrimas que verti nele em desespero de ti.
Mas eu sei que o meu sorriso nunca mais foi o mesmo.
Provavelmente estará também com o meu calmo sono, que hoje, pouco ou nada me visita.
que o verde do jardim enfraqueceu depois das nossas Primaveras,
ou que o mar já não é salgado pelas lágrimas que verti nele em desespero de ti.
Mas eu sei que o meu sorriso nunca mais foi o mesmo.
Provavelmente estará também com o meu calmo sono, que hoje, pouco ou nada me visita.
Tal como em qualquer inverno me pergunto se a Primavera virá,
pergunto-me também se algum dia virás devolver-me aqueles anos.
Talvez, de facto, sejamos como Psyche e Cupido,
ou talvez não, pois nem sequer coragem de aceder a vela tenho.
Desde então, apenas vagueio dentro de mim mesmo.
Mais um
ano e outro insuportável Outono que passa.
Pelo menos antes tinha algo para festejar para além dos (teus) tons castanhos.
Agora só as nuvens me acompanham, chorando por mim.
Pelo menos antes tinha algo para festejar para além dos (teus) tons castanhos.
Agora só as nuvens me acompanham, chorando por mim.
Seria tolo dizer que ainda te amo, pois o amor não é eterno
Mas seria ainda mais tolo dizer que já não sinto amor.
Talvez o que queria dizer é que tenho saudades tuas.
Se não tivesse cosido a boca, dir-te-ia, com um sorriso.
Mas a vida obriga-me a sussurrar e eu sei que não ouvirás.
Despeço-me, com um sorriso.
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2 comentários:
Tão bela a tua escrita. Só por si, vale a pena vir aqui ler-te, de tempo a tempo, por isso. Mas, tens-me inspirado a começar a escrever, mal ou bem, sem que pese na equação a questão de encontrarem os textos que escrevo e, com isso, terem acesso à minha caixa pensante. Exorcizar.
"Em 23 anos nunca vim aqui sozinho. Choro mal entro, não por nenhuma pessoa que aqui jaz. Choro até chegar ao seu assento. Ouve-se a pá do coveiro a amaciar e preparar a terra a espaços ritmados e inconstantes, uma cantilena em género de ladainha ao fundo, pássaros a chilrar nos ciprestes. Sente-se o vento marítimo. Venho a um dos sítios onde enterram pessoas. Devolvê-las ao que lhes pertence. Enterrar para viver. Eu venho simbolicamente enterrar um sentimento. A este cemitério específico. O assento das ossadas do Manuel. Pedir-lhe, ridículo por si só, que aceite e conserve no mundo das coisas que não podem ser vividas, por via da morte e da vida, esta paixão bela e maldita. Ajuda-me Manel a enterrá-lo. Na morte existe vida. Agora que catarticamente consegui enterrar o sentimento, resta-me fazer o luto no dia-a-dia."
Rodrigo fico muito feliz por let o teu comentário. Apesar de o ler com um ano de atraso, leio-o com muita alegria por poder partilhar contigo a minha escrita ou, aliás, os meus sentimentos. Espero que continues a escrever muito também tu sobre os teus sentimentos. Enterra-os e desterra-os. Encontra-os e não os exorcizes. O pior que podemos fazer é sofrer porque sofremos. Soframos na alegria de que somos ser sensíveis.
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