domingo, 3 de outubro de 2010

Outono

Chegou o Outono!
As folhas, caindo incessantemente,
deixam o rasto de uma vida.

O arco-íris de cores esbatidas,
cria um caleidoscópio divertido
que engana o olhar de quem passa.

A verdade,
a triste verdade,É que já ninguém se lembrava das folhas do Outono passado.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Je t'aime Paris

Paris é bela,

a acordar no seu esplendor,

a deitar-se no seu furor.

quem me dera...

quem me dera tê-la!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eles não sabem...

...que desde que continuemos a sonhar, o mundo pula e avança...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Le miracle de la vie

Tudo começa por uma célula. Tão pequena em tamanho e tão grande em vida. Mil milhões de multiplicações levam a pequena célula a percorrer o caminho da vida. Célula, células, tecidos, órgão e organismo.


A vida é tão incrível, não só pela sua variedade, mas pelo seu paradoxo. Uma célula representa um ser vivo, tem um sistema de auto-regulação todo completo. Num meio propício ela trabalha como se estivesse no organismo e desempenha o seu papel na perfeição. Um organismo é um conjunto de células.


O paradoxo consiste em sermos constituídos por algo que já tem vida. O incrível, é que cada célula nossa tem potencial para criar um novo organismo.


Não será todo este milagre um grande poema, escrito pela natureza no auge dos seus tempos?
Costuma-se dizer que quem não achar a física quântica bizarra, não percebeu a física quântica.
Pois o mesmo se passa com a vida. Quem não achar a vida algo bizarro, não conhece a vida.
Os formigueiros foram em tempos considerados holorganismos (holo – totalidade), ou seja, um conjunto de organismos que interagindo criam um superorganismo. Uma formiga sozinha, sem o contacto com as suas parceiras de formigueiro, rapidamente se perde e morre. Uma formiga, é uma célula. Nós, somos o formigueiro.


Bizarro, é considerar uma formiga, um ser vivo. Pois ela, nada tem. Não tem consciência de quem é, do que é. Não tem consciência da sua própria vida.
Mas o incrível e o bizarro não se ficam por aqui. As formas, cores, as modulações de todos os seres que habitam este planeta são incríveis. E todos, todos eles partem ou são do início da vida, a célula.


É o milagre da vida.


Se estou pasmado? Estou, como poderia não estar? Todo este microcosmo meticulosamente pensado para funcionar na perfeição é motivo de pasmo. Não há criação humana que ultrapasse a vida.


No entanto, aquilo que maior confusão me dá, é a vida. Não a vida depois de iniciada, mas sim a sua iniciação. Como é que algo ganha vida? Como é que se dá a vida ao conjunto de células? Onde tudo começa?

É portanto, o milagre da vida.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amour

Dois corpos encontram-se atraídos pelas leis da física.
O meu corpo encontrou o teu, qual atracção de um pólo que precisa do outro, atraíram-se até se unirem num perfeito encaixe de tudo.
O amor são leis físicas que governam a metafísica. É estranho que tudo o que até então nos parece razoável passe a ser exagerado e vice-versa. Quem ama, teme, não por si, pelo o outro. É uma entrega. É uma entrega sem garantias de retorno. Dá-se de mão beijada o que de mais precioso se tem, que a meu ver, é o nosso corpo. Um bem que vem à nascença e que fica connosco até aos últimos dias de existência.
Passava a minha vida naquela cama, passava-a a olhar-te, a respirar-te. Um dia é uma hora quando se assim está.
Entre os lençóis amarrotados pela fúria de uma noite, misturam-se corpos, sensações, paixões, olhares.
Dormir e (re)dormir sobre a noite, passando pelo dia e voltando a noite. Passa um dia.
E lá fico eu, a olhar.
O amor deixa-nos indefesos, mostra-nos o ridículo, envergonha-nos. É por assim dizer, cruel. Mas aqui estamos nós, abraçamos o amor. Porque…haverá sensação melhor do que a noite que passa a dia que passa a noite, numa cama?

15-05-10

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Música sentida

Há sentimentos que eu não sei explicar. Um deles, que talvez seja aquele que mais me assalta e que eu o identifico sem identificar é o que eu chamo de “Amor à música”.
Os sentimentos têm a potencialidade de nos deixar noutro sitio, noutro lugar qualquer.
Estes são tão profundos que quando os sentimos, passámos a ter uma palete de novas sensações captadas pelos sentidos, cheiramos música, pensamos música, saboreamos música como que se as notas fossem cheiráveis, comestíveis, palpáveis e visíveis. É toda uma nova imagem que continua transparente aos olhos de que não a está a experimentar.
Um dia, entrei no conservatório do Porto. Antes de entrar no antigo edifício, consegui ouvir o som de vários instrumentos a atropelarem-se e precipitarem-se numa corrida de tonalidades. Ao entrar, o som, deixou de ser som. Era como se visse os vários timbres pintados de várias cores diferentes. Como que se o cheiro do saxofone que cantava fosse diferente do violino. Mas não eram só os instrumentos. As paredes velhas, a descascar a tinta, falavam entre si, espalhando a música de gerações. As escadas de madeira que rangiam faziam passar a ideia da vida que aquele labirinto de paredes guardava. As luzes transbordavam música, vida. Tudo naquele hall era música. Vive música.
E foram poucas as vezes que isto acontece, a vez seguinte a essa, terá sido quando entrei na escola onde aprendo violino. Um edifício tristinho e sem vida, de paredes verdes e brancas (na altura todas brancas) com 4 salas e pouca disposição. Nesse dia, ia jurar que haviam partituras pintadas nas paredes; estátuas gloriosas com alusão a árias famosas; cores magníficas, nunca antes vistas.
Estes sentimentos profundos, que tocam no Eu, são folias, são a forma mais pura de sentir. Como dizia Álvaro de Campos “Sentir tudo de todas as maneiras” num só corpo, numa só pessoa.

sábado, 17 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

São confusões

Já não escrevia há muito tempo. Os ciclos da vida já tiveram tempo de girar e girar e a escrita ainda por começar. Para se escrever, mais do que tempo, é preciso disponibilidade espiritual e isso, não é fácil de se obter. Estar disposto a para além de se estar sentado na cadeira, iniciar um frenesim louco de teclas de computador já por si só é um problema. Mas pior do que escrever no sentido de escrever, é escrever no sentido de pensar. Caeiro defendia que “pensar faz mal aos olhos”, daí eu ultimamente ter visto mais e pensado menos, talvez assim elucida as pouco claras ideias que tenho nesta caixinha pensante.
No final é tudo mentira. Continuei a pensar, mas tempo, tempo, não o tive, para escrever.
Há sentimentos que voam pelo meu Eu. Mas tal como o vento que leva a trova que passa, as violentas brisas de suspiros que me assaltam, fazem levar o papel, a caneta e por fim, o pensamento.
As angústias agora são tratadas com outro tipo de tratamento. Hoje é a música que me trata, que me cuida, que me embala.
Realmente, se há Deus, é na música. Cada nota é a prova existente que por aqui não ficamos, que não é este mundo que nos limita e nos prende. A única prisão que temos é nós mesmos, que por mais que tentemos fugir, seremos sempre apanhados. É como a nossa sombra, é nossa.

E farto de dispersões, vou ouvir um fado.