terça-feira, 28 de junho de 2016

Saudade, talvez

Seria mentira dizer que o sopro da vida me abandonou,
que o verde do jardim enfraqueceu depois das nossas Primaveras,
ou que o mar já não é salgado pelas lágrimas que verti nele em desespero de ti.
Mas eu sei que o meu sorriso nunca mais foi o mesmo.
Provavelmente estará também com o meu calmo sono
, que hoje, pouco ou nada me visita.

Tal como em qualquer inverno me pergunto se a Primavera virá,
pergunto-me também se algum dia virás devolver-me aqueles anos.
Talvez, de facto, sejamos como 
Psyche e Cupido,
ou talvez não, pois nem sequer coragem de aceder a vela tenho.

Desde então
, apenas vagueio dentro de mim mesmo.
Mais um ano e outro insuportável Outono que passa.
Pelo menos antes tinha algo para festejar para além dos (teus) tons castanhos.
Agora só as nuvens me acompanham
, chorando por mim.

Seria tolo dizer que ainda te amo, pois o amor não é eterno
Mas seria ainda mais tolo dizer que já não sinto amor.
Talvez o que queria dizer é que tenho saudades tuas.
Se não tivesse cosido a boca, dir-te-ia, com um sorriso.
Mas a vida obriga-me a sussurrar e eu sei que não ouvirás.

Despeço-me, com um sorriso.