segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Escrito na areia


Não foi há muito tempo que escrevemos promessas para a vida naquela praia.

Mas o vento levou-as.

Qualquer coisa no tempo faz com que seja impossível a eternidade. Será ele o culpado? O castelo de areia que construímos naquela tarde, cheio de palavras, gestos, histórias e sentimentos, foi o nosso lar. Mudámos as torres, construímos alas, aumentámos as fronteiras, cavámos um fosso e….

Mas a água levou-o.

E o resto? A água evapora-se, como sinal de desaparecimento. Já a areia, bem, sozinha desfaz-se em mil grãos. A magia que havia dos dois juntos, de uma união tão sólida, capaz de superar qualquer tempestade, tão depressa se constrói, como se desfaz. Na verdade, o que é que nos une? O que é que torna água e areia em algo tão sólido como uma amizade? Interesses comuns? Amor pelo outro? Qual é a água e a areia que mantêm o castelo em pé por tanto tempo? As palavras varridas pelo tempo? Essas fazem-me sorrir. A ilusão de que tudo dura e nada padece é só isso, ilusão.



Ainda assim, volto àquela praia. Vejo os sulcos de areia onde um dia se erguiam Castelos. Pego, sem olhar, na maior pedra, àquela que constituía parte do portão que dava entrada pelo fosso. Quando a alcanço, vejo a sombra da tua mão a tocar na minha. Talvez não seja tanta ilusão. Há castelos que se levantam após a destruição de uma batalha. Há outros que são relembrados para a eternidade.


16-1-12

Nenhum comentário: