segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Chuva

Abrigado pela varanda da minha casa
vejo as pingas de chuva caírem no chão.
Cada uma representa o sonho, em vão.

São gotas que se dissolvem na realidade;
são dias de Sol que se tornaram chuva;
são só, e apenas, risos e gargalhadas tristes
que se perdem na corrente de lágrimas.

Mas se o olhar achar turvo,
limparei todos os rios da alma,
para que possa viver esta vida
com toda a devida calma.

(ao Cristiano, para que possa limpar a chuva da sua alma e fazer renascer o Sol que transmite)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Recordações

Continuo a acreditar te viva.
Continuo a receber as tuas cartas.
Cartas da vida que vou lendo,
relendo, guardando e amando como tu.


O correio é Deus, é algo.
Pelas estradas do inacreditável,
por palavras rasgadas,
decifro a tua vida.

Vivo-te. Vives-me.

São as lembranças que não partem,
são elas que te vivem,
são elas que não morrem
e que pela eternidade
te vão guardando

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lágrimas

São lágrimas vazias,
nuas, desprovidas de vida.
Já não sabem,
caiem, geladas.

Arrancadas pela tristeza do nada,
voam pelos segredos
do reflexo dos meus olhos.

Quanto menos caiem,
mais elas são.
Haverá prisão pior,
do que a lágrima presa no meu olho?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cancer - My Chemical Romance

Turn away,
If you could get me a drink
Of water 'cause my lips are chapped and faded
Call my aunt Marie
Help her gather all my things
And bury me in all my favorite colors,
My sisters and my brothers, still,
I will not kiss you,
'Cause the hardest part of this is leaving you.

Now turn away,
'Cause I'm awful just to see
'Cause all my hairs abandoned all my body,
Oh, my agony,
Know that I will never marry,
Baby, I'm just soggy from the chemo
But counting down the days to go
It just ain't living
And I just hope you know

That if you say (if you say)
Goodbye today (goodbye today)
I'd ask you to be true (cause I'd ask you to be true)

'Cause the hardest part of this is leaving you'
'Cause the hardest part of this is leaving you'

Mais uma vela que se apaga

Mais uma vela que se apaga...
Mais um sopro que foge longe,
ou mesmo um suspiro de alguém que vai e não volta...

Passam as águas do rio pelos meus pés...
Ainda ouço a música tocada ontem....
Ainda reconheço os passos de quem és...
Agora velo-te, agora velamos-te.

O tempo passa…
Como o tempo passa…

Era eu ontem criança e brincava,
sou eu hoje adulto e choro,
o choro das lágrimas perdidas,
o choro da derrota.

O tempo derrotou-nos...


a Margarida Teixeira Gomes
(falecida a 21.10.2009)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Amar

Eu vou tornar o teu corpo água
e vou mergulhar.

Por entre todos os órgãos, tecidos e células,
nadarei com o meu amor.

Por fim saber-te-ei todo.

Por fim amar-te-ei todo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Quarto que dorme

Enquanto o dia entristece
As paredes do meu quarto fecham os olhos
Apenas estão na mesa os vestígios de alguém,
De uma acção.

O ambiente é tão boémio,
Tão ébrio o ar que se respira
Tão sonolento o cheiro que não existe.

Só se sente o movimento
Daquelas colunas que não se calam
E que continuam a cantar o fado português
E enquanto cantam, dorme o quarto o sono fatal.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A chegada do Outono

Caiem as folhas que a Primavera criou.
A vida que nasceu,
tão depressa morreu,
como assim se apareceu.

Nesta estação do ano a arvore fica nua,
folhas amareladas e vermelhas varrem
a estrada da vida que é tua.

Tempos sem fim decorrem.
Pelas frinchas da chuva
melancolias escorrem
pela estrada da vida que é tua.

Vejo no finito um infinito,
no tempo, o fim de algo,
que um dia foi bonito
neste Outono em que cavalgo.

Rádio Portuguesa

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Um carnaval de sentimentos


Todos os dias nos mascaramos,
fingindo ser o que não somos
Desgostos passamos,
Pelo o que aqui fomos.

A máscara que uso,
muda todos os dias,
Nenhuma está em desuso,
apenas aquelas que querias.

E se nada mais sei fazer
que fingir seja uma arte.
Não há artista que me faça ver
Esta angústia de amar-te.

Bebedeiras de amor

Eu quero ficar bêbedo com o teu amor,
o álcool não me leva a dor,
que sinto na cor do meu coração.
Se há dor que doa, é a dor da separação.

sábado, 3 de outubro de 2009

Tenho saudades do que não vivi

Tenho saudades do que não vivi
Sinto o cheiro daquilo que não me lembro.
Relembro a imagem perdida da cegueira.
Alheio-me em pensamentos pensados,
Acabados, começados, nem iniciados.

Porque se há de pensar no que se vê?
Se o que não se sabe é tão misterioso!
Flores há muitas, lágrimas há poucas,
Pensamentos por pensar, há tantos.
Tantas novas correntes marítimas
E tão poucos navios para navegar…

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Caminho para casa

Caminho para casa.
Sobre o céu escuro do pensamento.
Olho em procura das estrelas.

Sem esperança baixo os olhos.
Perco no xadrez da calçada,
Os sonhos que tenho, até que…



Vejo estrelas.
Uma esperança…
Um sonho…
Um desejo…

Todos aqueles cristais de feldspato brilham incessantemente
Afinal há estrelas.

Um pássaro canta ao longe.
Para quem canta?
Na escuridão da penumbra não há quem oiça.
Porque canta?

Hoje? Durmo.
Amanhã? Outro dia.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Já não sei se ando ou se flutuo

Já não sei se ando ou se flutuo.
As lágrimas não existentes
Formam um rio tão largo
Quase tão grande como a minha angústia.

E cá ando eu
Dando umas braçadas
De quando em vez,
Apenas para não me afogar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Jazem lá longe


(a poesia é para ser acompanhada pela música)


Jazem lá longe,
os dias claros da solidão.
Dias do pensar de um monge
que aclamam a razão.

Mas nada a razão resolve,
apenas sabendo, sendo coração.
Eu, que o amor devolve,
tudo, a minha paixão.

Ainda que haja distância
há desejo ardente,
há uma eterna ânsia
do conhecimento pendente.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009